Desde a antiguidade, filósofos e poetas buscaram explicar as ações do homem em sociedade, mas foi somente com o advento da Modernidade, mais precisamente com os desdobramentos da dupla revolução, Revolução Industrial e Revolução Francesa que se tornou possível a emergência do pensamento sociológico. Conforme Ianni (1989, p.1):
A sociologia não nasce do nada. Surge em um dado momento da história do Mundo Moderno. Mais precisamente, em meados do século XIX, quando ela está em franco desenvolvimento, realizando-se. Essa é uma época em que já se revelam mais abertamente as forças sociais, as configurações de vida, as originalidades e os impasses da vida civil, urbano-industrial, burguesa ou capitalista.
No contexto das transformações do antigo regime ao longo do Século XVIII, especificamente as mudanças econômicas, políticas e sociais que nele ocorreram, surgiram problemas sociais jamais vivenciados em outras épocas. Como expõe Cuin (1994), a dupla revolução alterou os rumos da economia mundial, da política e das ideologias vigentes abrindo espaço para a consolidação do capitalismo. Se de um lado essas transformações ocorreram num plano técnico, devido ao intenso processo de industrialização, é notório, por outro lado, a inovação no plano das organizações, sobretudo no que tange a gestão da mão-de-obra no âmbito da empresa capitalista. A concentração do operariado no ambiente fabril, colocaria um desafio à empresa moderna, a necessidade de novas formas de gestão da mão de obra, sobretudo, num contexto de profundas mudanças, entre as quais, em oposição à burguesia industrial, a organização política da classe operária, cujo protagonismo teve papel político relevante nas transformações do capitalismo já no Século XIX.
A Revolução Industrial teve um alcance que transcendeu a mecanização e o aperfeiçoamento dos modos de produção. Ela é a expressão das transformações de ordem econômica que resultam na expansão do capitalismo. Com o estabelecimento do novo sistema, Hobsbawn (1977) coloca que fez-se sentir mudanças no âmbito da propriedade dos meios de produção (maquinário e terras), que se tornaram cada vez mais concentrados; bem como nas relações de trabalho em que os trabalhadores são destituídos dos meios de produção e passam a vender sua força de trabalho.