Nos dias de festividades, quando os corações se enchem de lembranças e os lábios sussurram palavras de homenagem, parece que a figura do pai emerge com mais força do que em qualquer outro momento. Mas, ai de nós, que tão facilmente nos esquecemos da verdadeira essência dessas homenagens!
O pai, esse silencioso bastião do lar, muitas vezes relegado ao segundo plano nas celebrações de seu próprio dia, torna-se uma figura quase espectral, lembrada apenas por convenção. Há aqueles que, em gestos vazios e presentes opulentos, proclamam sua honra aos quatro ventos, mas cujos atos diários traem uma indiferença latente. Oferecem presentes não ao pai, mas ao mundo, em busca de reconhecimento social, esquecendo que o verdadeiro tributo se faz em silêncio, no recôndito das almas e na devoção diária.
Machado, com seu olhar agudo para a hipocrisia humana, talvez se perguntasse se esses que dizem honrar seus pais, realmente os conhecem. E Graciliano, com sua austeridade e amor pelos detalhes do cotidiano, poderia nos recordar que os pais são, antes de tudo, seres de carne e osso, com seus desejos simples, seus silêncios eloquentes, e suas esperanças muitas vezes não ditas.
Assim, deixemos de lado os presentes vazios e as homenagens que mais falam de nós do que daqueles a quem deveríamos reverenciar. Que o Dia dos Pais seja, antes de tudo, um dia de verdade, em que o amor se revele não nas palavras ou nas riquezas, mas no abraço sincero, no olhar que entende e na presença que conforta. Que honremos nossos pais não apenas com o que damos, mas, sobretudo, com o que somos quando estamos com eles.