Depois de uma festa e de uma agenda intensa, há sinais de que a aliança pode ser salva

Enquanto algumas vozes incendiárias tentaram, de maneira ostensiva, até ontem, colocar sua ausência no contexto da justa festa casamento do ministro Flávio Dino (STF), o governador Carlos Brandão (PSB) aproveitou o antes, o durante e o depois do evento nupcial para trabalhar. Foi a Alcântara inaugurar obra, fez o mesmo em São Luís junto com ministros, anunciou o pagamento do 13º dos servidores, e embarcou para Brasília, onde participou de decisões importantes do Governo Federal e se reuniu com o presidente Lula da Silva (PT) para tratar de demandas do Maranhão junto à União. Ao mesmo tempo em que vozes alinhadas ao que hoje se chama de dinismo cuidaram de mostrar a festa como um marco divisório da política maranhense, partidários do governador Carlos Brandão se mantiveram focados em assuntos como a ação que envolve a eleição da Assembleia Legislativa, que corre no Supremo Tribunal Federal.

“Em Brasília, tive uma boa reunião com o presidente Lula para apresentar as demandas que já estamos efetivando juntamente com o governo federal, e também as novas”, registrou o governador nas suas redes sociais, acrescentando: “Menciono como exemplo a Avenida Metropolitana, a extensão da Avenida Litorânea, titulação de terras quilombolas e tantas outras ações que vão mudar a vida das pessoas no Maranhão”. E fechou a mensagem: “Lula é sempre um grande parceiro e tem um olhar diferenciado para o nosso estado. Vamos em frente com unidade e parceria”.

(Um dos assuntos da conversa do governador maranhense com o presidente da República foi o pacote de investimentos de R$ 42,1 bilhões pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento – Novo PAC. Desse total, R$ 10,9 bilhões são destinados a projetos federais dentro do território estadual, enquanto R$ 31,3 bilhões estão voltados a iniciativas regionais em cujo contexto o Maranhão está inserido).

Não existe hoje no Maranhão quem não saiba que a aliança governista rachou, ficando o governador Carlos Brandão e o grupo que lidera de um lado, e o grupo mais identificados com a linha de ação política do ex-governador e atual ministro da Corte Suprema Flávio Dino, de outro. O racha mais evidente está no próprio partido montado pelos dois, o PSB, hoje com duas correntes bem nítidas, que alimentam dois discursos. Já houve declarações que confirmaram o rompimento, mas há quem acredite ainda num acerto de contas e numa recomposição. Por mais tensa que pareça o cenário nesse campo na política maranhense, há militantes trabalhando para evitar o pior, que seria um confronto nas urnas em 2026.

Nesse ambiente em que aconteceu a festa de casamento do ministro Flávio Dino e a agenda intensa do governador Carlos Brandão, o rumor mais veemente foi o de que os dois se encontrarão em breve. Há quem preveja que será apenas uma audiência formal entre o governador do Maranhão e o ministro da Suprema Corte, para tratar uma pauta formal de interesse do estado. Mas há também quem acredite que, se houver, será uma conversa de dois aliados estremecidos e que podem colocar os pingos nos is e tomar a decisão de consertar a aliança e tocar em frente. Há também os que lembram que a reunião institucional correrá, mas sem conversa política, já que, por exigência ética, o ministro teria abandonado esse campo no momento em que vestiu a toga.

O que está em jogo e que depende de um acerto é o futuro da aliança e do Maranhão político, que será decidido nas urnas em 2026. Se os ponteiros forem acertados, o grupo tem poder de fogo para fazer o governador e os dois senadores sem nenhuma dificuldade. Mas se houver um racha para valer, e o governador Carlos Brandão decidir cumprir o mandato até o último dia, o cenário pode mudar radicalmente, e nesse caso o desfecho da cizânia será rigorosamente imprevisível.

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